quinta-feira, 11 de julho de 2013

As Manifestações e o Discurso da Mídia

Foto: Rosana Rose

Por Bruno Roncada

Junho de 2013 marcou um novo capítulo na história brasileira. O povo se reuniu, voltou as ruas e protestou como há muito tempo não se via. Não foi um movimento inédito, como alguns dizem. Foi sim a retomada de uma tradição no Brasil. Os manifestos se misturaram com a trajetória do país. Enganam-se aqueles que dizem que o povo brasileiro é acomodado. Como disse brilhantemente em um de seus posts o jornalista Lúcio de Castro, da ESPN Brasil, a história de luta do povo brasileiro foi subestimada. Basta abrir um livro de história para tomarmos conhecimento de marcantes revoltas que aconteceram no país, desde seus tempos como colônia. Tivemos a Conjuração Baiana, a Mineira, a Revolta Armada, da Vacina, só para ficar em alguns exemplos. Portanto, por mais que se diga que o povo brasileiro não tomava as ruas desde o impeacheament do então presidente Collor, há duas décadas, pensar que as lutas populares não constroem a história desse país é ignorar nosso passado.

Foto: Rosana Rose
De início, o motivo que levou as pessoas às ruas foi o aumento da tarifa de ônibus em muitas cidades brasileiras. Nesse momento, aqueles que marcham foram covardemente reprimidos pela ação policial e pela caneta da grande mídia. Taxados de radicais e extremistas, eram vistos como causadores do pânico. Tratavam-se de baderneiros que atrapalhavam o trânsito e que não permitiam a livre circulação dos verdadeiros cidadãos pelas ruas das cidades. 
Esse movimento de caráter popular era uma ameaça aso grandes conglomerados da mídia. Um movimento contestador que questiona a estrutura conservadora vigente na sociedade não seria visto com bons olhos. A estratégia? Os protestos passaram a ser considerados legítimos, desde que realizados de maneira pacífica. Seu caráter popular, que prima pela diversidade foi, ignorado. Não se pode controlar uma multidão. Sempre tem os mais exaltados, assim como tem os mais tranquilos. Houve uma estigmatização, então, daqueles classificados como vândalos. As principais notícias trazidas pela grande mídia seguiam, com raríssimas exceções, o mesmo roteiro... "o protesto era pacífico até X horas, até que um pequeno grupo, de vândalos começou a destruir o patrimônio." As manifestações passaram a ser mais divulgadas e ganharam notoriedade. 
Foto: Rosana Rose
Os protestos foram mudando de cara com a chegada de mais manifestantes. Resultado direto da grande ação dos grandes veículos de comunicação. As pautas das reivindicações começaram a   mudar. Surgiram   reivindicações contra os sistemas públicos de educação e saúde, contra PEC 37, contra o projeto de "cura gay" e contra a corrupção no país. Se pensarmos bem, todas são causas justas.
O fato é que a cobertura dos protestos por parte da grande mídia foi muito criticada. Justamente, diga-se de passagem. Com isso, algumas pessoas (obviamente, não os poderosos meios de comunicação) trazem de volta a discussão sobre a tão necessária democratização da imprensa, como destaca um artigo de Bruno Marinoni, no Observatório do Direito à Comunicação. Uma mídia mais plural é muito importante para o Brasil. 
Foto: Rosana Rose
A diversidade de discursos beneficia a sociedade, que não deve ficar presa a uma ideologia dominante. Democracia não se faz segundo as regras de um pequeno e poderoso grupo. É um processo coletivo, em que uma única voz não deve sufocar as outras. Principalmente quando essas outras vêm do povo. 
Foto: Rosana Rose

Foto: Rosana Rose





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